A Escola do Paraíso constituiu parte de uma trilogia literária de evocação histórica que José Rodrigues Miguéis quis publicar sobre a primeira parte do século XX português. Focando-se no percurso de Gabriel, um menino com uma infância infeliz, alterego do próprio autor, o romance, datado de 1960, descreve Lisboa e o quotidiano daqueles que a habitam – os primeiros automóveis, a cidade iluminada a gás, os teatros do Príncipe Real, o animatógrafo, a carbonária, a aristocracia decadente, as profissões, os portugueses e galegos que chegavam à capital – sem ter, porém, a ambição de qualquer relato histórico. Trata-se essencialmente de um exercício de memória. Desta trilogia faz ainda parte Milagre Segundo Salomé (1975) e Os Filhos de Lisboa que nunca foi publicado.