Calígula é uma peça sobre o poder como motor da descoberta do monstro que cada um de nós arrasta dentro de si. Publicada pela primeira vez em 1938, saiu pela primeira vez em Portugal sob a chancela dos Livros do Brasil.
“Camus, ao contrário de outros dramaturgos do seu tempo, não fez do teatro o palco de acções humanas desalinhadas, esforçando-se, pelo contrário, por encontrar, numa linguagem moderna, o sentido do próprio não-sentido de uma época nascida dos escombros da I Guerra Mundial e que, por isso mesmo, encontrava na arte do absurdo (no teatro), o reflexo mais evidente da fractura moderna”, escreve o professor e poeta António Carlos Cortez, no prefácio desta edição do PÚBLICO. “Camus recusa seguir essa espécie de forma-feita do teatro não-linear, preferindo descobrir, como vemos em Calígula, o âmago do trágico a partir de uma lógica implacável de acções humanas onde tudo se resolve: a técnica teatral, os problemas de expressão”.