Nascida em Vila Viçosa, a 8 de Dezembro de 1894, Florbela Espanca é uma das mais reconhecidas poetisas nacionais e para isso em muito contribuiu a publicação póstuma de Charneca em Flor. “Charneca em Flor foi a obra que a projectou postumamente para a fama. Saiu em Janeiro de 1931, com uma segunda edição vinda a lume ainda no mesmo ano. Desde então, foi integrada em sucessivas edições dos Sonetos Completos. Embora Charneca em Flor só tenha voltado a ser publicada individualmente uma única vez até hoje, numa edição da Estampa em 2013, esta obra constitui um momento culminante na trajetória de Florbela como escritora, ao privilegiar o empoderamento feminino a vários níveis”, escreve Cláudia Pazos Alonso no prefácio do livro.
Apesar dos esforços para submeter a obra de Florbela — a quem António Ferro, num editorial do Diário de Notícias apelidaria de “poetisa-poeta” numa tentativa de “valorização” do seu talento pela sua masculinização — a “um processo disciplinar pela moral vigente” do regime de então, é evidente o seu carácter profundamente pagão, sexual e feminino. “Charneca em Flor (1931) perdura como o ponto cimeiro da trajectória poética da autora.